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  • Foto do escritorJulio Abdala

AS FINANÇAS DOS ESTOQUES

Atualizado: 1 de jun. de 2021

A atividade empresarial impõe diversos desafios e um deles é o gerenciamento de estoques. Na visão moderna de administração, estocar requer o gerenciamento de um capital investido, de forma constante, em mercadorias e produtos que serão comercializados pela organização. Quando ocorre o mau gerenciamento dos estoques, a lucratividade fica comprometida e prejuízos poderão ser contabilizados.

Mas como gerenciar financeiramente os estoques? Vejamos a seguir algumas técnicas que nos ajudam a gerar valor neste item patrimonial que, quase sempre, é visto como custo.

O capital investido. Quando há o acompanhamento sistemático das operações da Empresa, considera-se que o estoque é capital de giro e que, estando corretamente calculado o seu custo, aumentá-lo envolve a disponibilidade de fontes de capital. Portanto, quando surge a necessidade de se aumentar os estoques, o gestor deve primeiramente buscar o financiamento junto aos fornecedores - que visa manter o ciclo financeiro equilibrado - e, em última alternativa, recorrer a empréstimos bancários.

É crucial que esta necessidade seja identificada com antecedência, pois a procura de recursos financeiros deve ser iniciada antes da existência física da necessidade de estoques maiores. Os parceiros financeiros levam tempo para disponibilizar capital, logo, não se deve deixar para a última hora o início da captação de empréstimos.

A liquidez dos estoques. Embora em termos gerais, os estoques sejam vistos nos balanços das empresas como um elemento de baixa liquidez, cada grupo de produto possui a sua liquidez específica. Estoques de produtos prontos e de revenda possuem maior liquidez do que semiacabados que, por sua vez, possuem maior liquidez do que matéria-prima e embalagens. Já itens de consumo interno e auxiliares não possuem liquidez e não têm valor fora do ambiente interno da Organização.

Dito isso, torna-se evidente que a procura de financiamento para aumento de estoques em produtos de baixa liquidez é uma estratégia equivocada e geradora de problemas de caixa. Ao se buscar recursos para estoques, o foco deve ser em produtos acabados ou de revenda e, com muito cuidado, para matéria prima e embalagens de maior liquidez, pois estes trarão resultados de caixa e justificarão investimentos.

As margens dos produtos. É de suma importância que se tenha o registro e a análise das margens sobre venda de cada produto. Alguns itens poderão ter margens significativas e cujos os esforços de venda se justificam. Outros, no entanto, poderão ser tão insignificantes que representam meras trocas de recursos, sem nenhuma vantagem financeira. Deve-se evitar esta situação, sempre que possível.

A rotatividade do estoque. Em geral, a velocidade com que o estoque se renova é analisada globalmente pelas empresas. Embora seja um indicador macro importantíssimo, a melhor gestão financeira que se pode realizar é o gerenciamento com o olhar analítico, desmembrando item a item ou grupo a grupo.

É necessário se ter uma definição da rotatividade ideal de cada item e se esforçar para otimizá-la conforme o ciclo operacional do negócio. Vejamos que, produtos que possuem baixa rotatividade ou tempo de estoque maior que a sua validade, se tornarão perdas futuras por obsolescência. Já produtos com alta rotatividade podem sofrer a ameaça de ruptura e perda de vendas, por isso, deve-se ter bastante cuidado neste quesito.

Margem versus rotatividade. Por último, temos o ajuste fino dos estoques, que é a ação estratégica mais significativa em termos de resultados financeiros. Tendo em mãos as margens de venda de cada item e a rotatividade dos produtos em determinado período, o gestor financeiro deverá decidir pela melhor estratégia a ser tomada sobre os itens avaliados.


Vejamos abaixo as alternativas possíveis:

Alta Margem / Alta Rotatividade: Estratégia de Manutenção ou Expansão. Manter o produto sendo comercializado, pois ele contribui positivamente para o resultado da empresa e buscar formas de se aumentar a quantidade vendida. É o “puxador pra cima” da lucratividade. Venda o máximo possível.

Alta Margem / Baixa Rotatividade: Estratégia de Desenvolvimento. Trabalhar de forma a aumentar a rotatividade do produto, buscando novos mercados ou redesenhando-o para que ele seja mais consumido. Ex. Produtos de luxo. Aumente a quantidade vendida ou reduza estoque.

Baixa Margem / Alta Rotatividade: Estratégia de Desenvolvimento. Monitorar o item, pois há possibilidade de perdas financeiras no caso de mínima redução da margem. Rever o produto buscando alternativas para aumento de margem ou redução do custo. Ex. Commodities, alimentos e vestuário. Aumente o preço de venda ou reduza o custo.

Baixa margem / Baixa rotatividade: Eliminar o produto do portfólio, pois a sua comercialização possui risco elevado de geração de resultados negativos. Este item é o “puxador pra baixo” da lucratividade. Pare de vender.

Vimos algumas técnicas de se obter resultados positivos com os estoques. Há, naturalmente, outras metodologias descritas na literatura, cujo o foco é, na maioria das vezes, a redução de custos ou otimização da armazenagem. O ponto de pedido, lote econômico, estoque mínimo e máximo, etc. são excelentes técnicas para se evitar perdas de estoque, mas enfoque deste texto foi outro e espero que o leitor, profissional ou curioso sobre o assunto, perceba as oportunidades que se abrem ao se mudar o ponto de vista sobre o “almoxarifado” de sua empresa.

Estoques bem gerenciados são lucros em potencial e não o tradicional redutor de resultados dos reportes financeiros.

Bons negócios a todos!


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